Infância

Infância

segunda-feira, 30 de março de 2009

Carpe Diem (?)


Sou professor de literatura há 12 anos. Convivo diariamente com centenas de adolescentes. Posso afirmar, sem nenhuma licença poética, que nos entendemos bem. Principalmente porque, na condição de adulto - por motivos quaisquer -, não esqueci que um dia já fui adolescente também.

Geralmente é assim: adultos não suportam a adolescência que, por sua vez, não suporta a infância. Conclusão: carrega-se a falsa impressão de concepção instantânea. Explicação: como se, ao abrir os olhos – Maravilhoso parto novo! -, o homem de vinte e cinco anos surgisse, aos vinte e cinco anos, sem tirar nem pôr.
Considerar o que somos, repudiando o que já fomos, resulta em estúpida postura arrogante e imediatista. Vislumbramos de tal forma o momento presente que não nos preparamos para o futuro e muito menos respeitamos as maravilhosas experiências adquiridas.

A adolescência aniquila qualquer possibilidade de sermos o que um dia os pais sonharam para nós – mesmo bem antes da concepção. O adulto é o reflexo desvirtuado da imagem perfeita – Egocêntrica! - do adolescente de outrora. É que em algum momento, por um descuido fatal, o espelho trincou.

Que mente sã ainda relacionará o ser adulto à estabilidade social? Quando verdadeiramente estáveis? Em qualquer etapa da vida esforçamo-nos para sobreviver. E sobreviver significa adequar-se. A ingenuidade, a rebeldia e a maturidade são apenas instrumentos de adaptação. Apenas nos comportamos, inconscientemente, como a sociedade espera que nos comportemos. Por isso mesmo adaptação não é – E jamais será! - sinônimo de estabilização.

Como eu poderia então, adulto e professor do ensino médio, rotular meninos e meninas, se habitam em mim todos aqueles que um dia já fui?
Como eu poderia então, adolescente e jogador de basquete, rotular meninos e meninas, se o que sou, ao escrever este artigo, será também um pouquinho de mim no instante seguinte?

Como eu poderia então, criança e super-herói, rotular meninos e meninas, se todos os dias as lembranças de erros e acertos surgem diante de mim, aos berros, fura-bolo em riste: você é humano!