Infância

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domingo, 17 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ignorantim



Não sei bem o que sou. Nem o que pretendo ser. Crescer. Padecer. Mais parecer esboço do esboço. Tamanho esforço e ainda não ter. Aparência. Essência. Aquela dormência na alma. Calma, Jeosá. Adormeço. Esqueço. Ofereço (me) a (o) sacrifício. Malefício. Vício necessário. Prazer ao contrário. Espelho inverso refletindo o reflexo do que jamais alcançarei. Ser. Crescer. Padecer.

De volta à escrivaninha. Os objetos de sempre, sempre observando. Curiosos. Espreitam o novo texto. O silêncio de Jeosá. Mãos macias confeccionando uma nova (?) combinação de palavras. O desabafo de todas as noites. Ora fragmento. Ora ideia. Ora ideia incapaz de materializar-se enquanto expressão. Dimensão. Tempo. Espaço. O fracasso do fracasso não seria libertação?

Pois não. Divagação. Quando o caminho estreito estreita e mesmo assim seguimos em frente. Não há passagem. Mesmo assim o poeta caminha pelo terreno rumo ao abismo de não se ter mais para onde ir. Refletir. Concluir. Permitir-se. Perder-se. Ofender-se. Ninguém compreende por que um homem sentado diante de um computador encara o teclado e digita e encara o teclado e digita letra após letra. Compreenderiam se as letras, metáforas de lágrimas borrassem as minhas mãos?

Sigo escrevendo. Antevendo frustração. Resignado diante da impossibilidade de exprimir o que brada dentro de mim. Ignorantim. Arlequim cínico. Personagem inadequado para a representação de uma tragédia. Nem Édipo. Nem Hamlet. Apenas Jeosá. O clown. O grotesco. Existindo. Exibindo. Ordinária representação.