Infância

Infância

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Fascinação


Ébrio de febre
O poeta padece

E desce

Assustado

Encantado

Cansado

Entorpecido

Pelo torpe veneno

Torpedo obsceno

Daquela mulher

Melhor seria

(para o poeta)

Apenas olvidar
Não dar ouvidos
Aposentar a pena
Sequer enxergar
A triste lamúria

Gemidos de luxúria

Daquela mulher.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Concílio dos Deuses


O Parvo

Não incomodaremos as Tágides do Rio Tejo. Nem sujeitaremos à apreciação de Calíope a nobreza de tal projeto. Que repousem na precipitação do devaneio todas a ninfas. Não há inspiração nos bosques. As florestas e as montanhas já não fertilizam a poesia. As NOIVAS e os BOTÕES DE ROSA não desabrocham mais. O que há de concreto é o concreto. Nenhuma plantinha desafiando o asfalto. Nada de gnomos ou duendes nos remetendo ao sonho. Nada de nada. Apenas a IDEIA, o CONCEITO e o NÚMERO. Apenas o SER CAPAZ DE. Apenas a insônia e a incerteza da conquista. Oh, IDEIA! Oh, CONCEITO! Oh, NÚMERO! Libertem-nos do cansaço que destrói o raciocínio. Da indolência traiçoeira e vulgar. Da inveja tão certa, como é certo o medo de errar. Oh, IDEIA! Oh, CONCEITO! Oh, NÚMERO! O fracasso sustenta a ociosidade. O fracasso ratifica o comodismo. O fracasso alimenta o desejar nada fazer. Oh, IDEIA! Oh, CONCEITO! Oh, NÚMERO! Desatem as paredes feito nós do labirinto. Envolvam-nos de inteligência e competência, para que as palavras, ferros em brasa, não calem tão humildes narradores.


TRECHO DA OBRA O CONCÍLIO DOS DEUSES, DE AJOSÉ FONTINELLE.