Infância

Infância

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Precaução




A três dias do fim do mundo

Impossível não colher, apressadamente, os frutos.

18.12.2012

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sensatez




Aborrece-me não perder a razão
Perturba-me planejar perfurar a própria pele
Pensando na dor e no sangue e na carne

Por que simplesmente a faca não desliza
Incisiva cortante penetrante certeira

Porque (mesmo) acovardado
Revoltado
Derrotado
Ainda absorvo
Ainda expilo
Incolor
Inodoro
Sobrevivo.



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Peripécia


Estamos a fingir
Fernando Pessoa e eu
(Assombrados pelo fantasma melancólico de Sá-Carneiro)  
Sabe-se lá o quê.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Semana Santa



Período bom aquele
Cavalo era ca(rr)alo
Vaca era (r)aca
Abença seu Zé Filipe
Fogão de pedra
Geladeira a gás
A doença de minha avó
Mãe Dite
Mãe Mira
Mãe Dete
Lamparinas queimando o querosene
Consumindo a gente
Feito o encanto da mariposa
Arrebatada de luz.





 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Efêmero





A Taís Aragão
(In Memoriam)

Estranho
Tal qual folha de estanho
No castanho
E delicioso chocolate
Colar-te-ei
Em minha alma questionadora de minha alma
Enquanto aqui, ali, acolá
A colar pedacinhos de essência
Da existência que já não há

Ave agoirenta
Sedenta de sede cuja água é incapaz de aplacar
Cá entre nós os nós de marinheiros guerreiros
Meninos matreiros sem eira nem beira
Queimando fagueiros
Fogueiras obscenas da inquisição

Em que seção (E que sessão!)
Daquele pedacinho de vida
Arquitetou-se destruição?