Infância

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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Travessia

Teresina, 21 de novembro de 2014.



Muitas travessias não passam de buscas por algo que se já alcançou. O ser humano feliz, por exemplo, é capaz de se envolver nas mais loucas aventuras porque, não se reconhecendo feliz, precisa, a qualquer custo, desvendar, para depois desfrutar, os mistérios do prazer.

Fernando Pessoa certa vez desabafou: “Triste de quem é feliz”. Permitam-me (Quanta ousadia!) parodiar o poeta português: Triste de quem não sabe ser feliz. Isso mesmo. De que adianta deparar-se com um transbordamento de felicidade, se o que enxergaremos será apenas uma gigantesca onda, destruição?

Acreditem, meus psicopatinhas, aquele maravilhoso jardim do vizinho não é tão maravilhoso assim. Talvez nem seja bonito se comparado a outros jardins. E daí? O que importa mesmo é como percebemos os seres e as coisas, como nos percebemos enquanto jardim. A frustração nada mais é do que se apegar aos fracassos, não compreendendo que esses mesmos fracassos jamais superarão as muitas vitórias conquistadas.

Vocês são vitoriosos, meus meninos. Vocês são vitoriosas, minhas meninas. Todos vocês são felizes. Somos todos felizes. Estamos ao lado das pessoas que amamos. Vestimo-nos de branco para celebrar. Fotografamos incontáveis abraços e sorrisos. Por que então exaltar a despedida? Exaltemos a amizade. Exaltemos os momentos que passamos juntos. Exaltemos a vida. Somente assim seremos dignos das surpresas dispostas ao longo desse novo caminho ladrilhado com pedrinhas de todas as cores.