Jeosá é prisioneiro da própria mãe. Não há
caminho que não mergulhe na sombra da sombra projetada da mãe. Morto, o
professor de literatura libertar-se-á? Ou mesmo ali, no vazio, não existindo
mais, encontrará uma legião de mães – reais ou imaginárias – para sufocá-lo?
Por
isso mesmo a espingarda de canos duplos paralelos ainda repousa sobre a cama.
Ponderação. De que vale morrer se a morte não for capaz de por fim à
consciência? Melhor permanecer por aqui com a (in)certeza da efemeridade. Guarda-roupa.
Escrivaninha. Paredes amarelas. Velas. Espingarda de canos duplos paralelos.
Ágatas ocres. Olhos de jabuticaba. Até quando?
Até
quando nada mais se fizer necessário. Até quando o sofrimento de Jeosá
continuar alimentando o que quer que seja e que precisa justamente do
sofrimento de Jeosá para sobreviver.