Infância

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domingo, 24 de março de 2013

Carta Póstuma de Jean Piaget



 

Dileto Professor do Século XXI,


Durante três dias consecutivos observei as suas aulas. O que mais me incomodou foi a quietude dos alunos. Meninos e meninas, de sete ou oito anos, feito estátuas em suas cadeiras, talvez transpareçam uma maravilhosa concentração que somente resultará em aprendizagem. Cuidado. Não se precipite. Afinal, “o sujeito não é passivo nem pré-formado, mas interage com o meio e nesta interação constrói o conhecimento através de descobertas e invenções”.  Acrescento: “a função do professor é desafiar o aluno, provocando constante desequilíbrio em seus esquemas mentais”.  


O senhor não é mal intencionado, mas as respostas prontas que apresenta para os alunos pouco contribuirão para o desenvolvimento cognitivo dos mesmos. Na idade em que se encontram (estágio operatório-concreto) espera-se que já sejam capazes de pensar logicamente sobre objetos e eventos. A questão é: como verificar tais habilidades se os alunos apenas ouvem e anotam (haverá assimilação?) durante as aulas?


Para melhor orientá-lo, sugiro a leitura completa de minha Teoria Psicogenética que, em resumo, consiste em uma “dis­ciplina que estuda os mecanismos e os processos mediante os quais se passa dos estados de menor conhecimento aos esta­dos de conhecimento mais elevado – proximidade ao conheci­mento científico”.

Sem mais para o momento, despeço-me com um abraço,


Jean Piaget

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