Infância

Infância

sexta-feira, 29 de março de 2013

De flores, de frutas, de cera.





Jeosá é prisioneiro da própria mãe. Não há caminho que não mergulhe na sombra da sombra projetada da mãe. Morto, o professor de literatura libertar-se-á? Ou mesmo ali, no vazio, não existindo mais, encontrará uma legião de mães – reais ou imaginárias – para sufocá-lo?

Por isso mesmo a espingarda de canos duplos paralelos ainda repousa sobre a cama. Ponderação. De que vale morrer se a morte não for capaz de por fim à consciência? Melhor permanecer por aqui com a (in)certeza da efemeridade. Guarda-roupa. Escrivaninha. Paredes amarelas. Velas. Espingarda de canos duplos paralelos. Ágatas ocres. Olhos de jabuticaba. Até quando?

Até quando nada mais se fizer necessário. Até quando o sofrimento de Jeosá continuar alimentando o que quer que seja e que precisa justamente do sofrimento de Jeosá para sobreviver.