Infância

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ternura

           
            Em Parnaíba éramos muito felizes. Meu pai. Minha mãe. Livramento. E eu. Morávamos na Doutor Vieira da cunha. Depois na Teresina. Mas sempre no bairro Nova Parnaíba. Lembro-me do primeiro carro. Um Corcel amarelo. A foto em que estou saindo do automóvel - mamãe ao meu lado sorri com ternura - vestindo uma camisa onde se percebe estampado o desenho do Bidu atiça-me a memória. Não consigo esquecer aquela camisa. Volta e meia ela está ali em minha cabeça disputando um cantinho entre pensamentos outros bem mais recentes. Talvez porque ao apertá-la na altura do peito se pudesse ouvir em alto e bom som o latido do cachorrinho azul.

            Há em mim, de criança ainda, um aperto que não é dor. Uma saudade gostosa de quando andar em uma cadeirinha sobre o guidão da bicicleta de papai era um passeio tão bom. Saíamos sempre à tardinha. Papai pedalava enquanto eu fazendo as vezes de co-piloto procurava evitar as poças de lama. Mamãe impacientava-se com a nossa demora. Deve-se respeitar o horário das refeições - dizia. Papai pilheriava sempre: Vamos comer então!

            Os dois cercavam-me de tamanho carinho que perguntas do tipo: DE QUEM VOCÊ MAIS GOSTA, MENINO?, soavam indelicadas e vulgares.

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