NOME.
Direção: Arnaldo Antunes. Realização: Arnaldo Antunes, Celia Catunda, Kiko
Mistrorigo e Zaba Moreau. BMG Brasil, 1993. 1 DVD (50MIN), color.
Concentrarei
a minha análise da produção audiovisual Nome,
de Arnaldo Antunes, na intersignificação e possíveis relações das três matrizes
semióticas da literatura e das artes, assim considerando aspectos verbais, não
verbais e acústicos. Esclarecendo que o objetivo do texto não é resenhar
criticamente o vídeo, mas sim realizar uma série de inferências semióticas a
partir do mesmo, enquanto material rico em elementos verbais, visuais e
acústicos.
O
poema Fênis é construído com apenas
duas palavras, fênis e pênix. Esses dois significantes,
carentes de significado, remetem o leitor, pela sonoridade e semelhança, aos
significantes pênis e fênix, estabelecendo uma aproximação entre a genitália
masculina e o pássaro mitológico, afinal ambos desfalecem e renascem
constantemente em busca do gozo, entre sussurros e gemidos enfatizados pela
sonoplastia.
Ícones
de vários animais desfilam pela tela, no poema Cultura, enquanto se ouve as seguintes afirmativas: “o girino é o
peixinho do sapo”, o bigode é a antena do gato”, “as raízes são as veias da
selva” etc., ampliando a possibilidade de significados ao considerar aspectos
visuais dos respectivos significantes
(girino=peixinho/bigode=antena/raízes=veias).
Já em poemas como Soneto, a forma fixa da composição
desfaz-se graças a uma câmera nervosa que passeia pelo texto, permitindo que o
leitor reconheça apenas uma ou outra palavra, numa espécie de passeio subjetivo
pela objetividade (seleção vocabular, métrica e rima) da construção de um
soneto. Também encontramos uma solução visual interessante no contraponto entre
“já passou”, “agora” e “outro” e flashes de imagens as mais variadas, em um
claro exemplo de pleonasmo estilístico.
Finalmente,
para citar apenas mais um poema, dos trinta que compõem a obra, partes do corpo
(axilas, bocas, pentelhos e mãos) em plano
detalhe assemelham-se às genitálias masculina e feminina, reforçando o
conteúdo fescenino de um poema que em seu primeiro verso anuncia: “o olho
enxerga o que deseja e o que não”.
Texto apresentado à disciplina Semiótica da Cultura,
ministrada pelo Prof.º Dr.º Feliciano José B. Filho, Mestrado Acadêmico em
Letras, UESPI.
2 comentários:
passei pra ver sua pagina professor sou do cpi e como você disse: "depois que estiverem cansados de ver tanta pornografia pesquisem" e aqui estou eu kkkkkk
Valeu, Matheus!
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