Infância

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domingo, 4 de junho de 2017

De Arnaldo Antunes, Nome



NOME. Direção: Arnaldo Antunes. Realização: Arnaldo Antunes, Celia Catunda, Kiko Mistrorigo e Zaba Moreau. BMG Brasil, 1993. 1 DVD (50MIN), color.

            Concentrarei a minha análise da produção audiovisual Nome, de Arnaldo Antunes, na intersignificação e possíveis relações das três matrizes semióticas da literatura e das artes, assim considerando aspectos verbais, não verbais e acústicos. Esclarecendo que o objetivo do texto não é resenhar criticamente o vídeo, mas sim realizar uma série de inferências semióticas a partir do mesmo, enquanto material rico em elementos verbais, visuais e acústicos.
            O poema Fênis é construído com apenas duas palavras, fênis e pênix. Esses dois significantes, carentes de significado, remetem o leitor, pela sonoridade e semelhança, aos significantes pênis e fênix, estabelecendo uma aproximação entre a genitália masculina e o pássaro mitológico, afinal ambos desfalecem e renascem constantemente em busca do gozo, entre sussurros e gemidos enfatizados pela sonoplastia.
            Ícones de vários animais desfilam pela tela, no poema Cultura, enquanto se ouve as seguintes afirmativas: “o girino é o peixinho do sapo”, o bigode é a antena do gato”, “as raízes são as veias da selva” etc., ampliando a possibilidade de significados ao considerar aspectos visuais dos respectivos significantes (girino=peixinho/bigode=antena/raízes=veias).
            Já em poemas como Soneto, a forma fixa da composição desfaz-se graças a uma câmera nervosa que passeia pelo texto, permitindo que o leitor reconheça apenas uma ou outra palavra, numa espécie de passeio subjetivo pela objetividade (seleção vocabular, métrica e rima) da construção de um soneto. Também encontramos uma solução visual interessante no contraponto entre “já passou”, “agora” e “outro” e flashes de imagens as mais variadas, em um claro exemplo de pleonasmo estilístico.
            Finalmente, para citar apenas mais um poema, dos trinta que compõem a obra, partes do corpo (axilas, bocas, pentelhos e mãos) em plano detalhe assemelham-se às genitálias masculina e feminina, reforçando o conteúdo fescenino de um poema que em seu primeiro verso anuncia: “o olho enxerga o que deseja e o que não”.

Texto apresentado à disciplina Semiótica da Cultura, ministrada pelo Prof.º Dr.º Feliciano José B. Filho, Mestrado Acadêmico em Letras, UESPI. 


            

2 comentários:

Unknown disse...

passei pra ver sua pagina professor sou do cpi e como você disse: "depois que estiverem cansados de ver tanta pornografia pesquisem" e aqui estou eu kkkkkk

Ajosé1150 disse...

Valeu, Matheus!