Infância

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terça-feira, 5 de junho de 2007

O Louco



O Louco entrou sem pedir licença. Em sua loucura não precisava mesmo pedir. Estranho seria se mantivesse todas as formalidades de outrora. A educação e o estranho hábito de tratar os outros respeitosamente em nada se adequavam aos recentes delírios que o expulsaram de casa e do emprego e dos amigos.

O Louco não percebeu o espanto daquela gente. E se percebesse não compreenderia. Estariam assustados por que ele estava ali ou por que já não o reconheciam ou por que a sua aparência feito espelho anunciava o quão decadente e mesquinha é a humanidade?

O Louco encarou todos eles. Agrediu os homens. Mandou para o inferno as mulheres. Cantou. Dançou. Praguejou. Tentou inutilmente abraçar as crianças e os cachorros. Cuspiu nas taças. Vomitou na porcelana. Aquietou-se. Dormiu.

2 comentários:

Emmanuel Reis disse...

o louco só é louco aos olhos de quem nao quer ver que nada é estranho, por tudo ser apenas arte.
amigo..achei o blog agora..
vou passar sempre..
abçs

Anônimo disse...

Muito bom!

Margareth Reis