Infância

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sábado, 5 de abril de 2008

A Fantástica História do Professor que Sonhava Sonhos


A existência é uma maravilhosa máquina faminta de sangue e de dor.

Apenas Jeosá, aos trinta e três anos de idade, parece não atentar para o espetáculo explodindo em fogos e sombras diante dos óculos embaçados. Por isso mesmo absorve – esponja mergulhada no vinagre -, cada palavra-punhal atirada contra o peito esquerdo – como se ali estivesse sepultado o coração.

Impossível alertar o professor de literatura, se o professor de literatura não reconhece a história da sua vida em nenhuma das centenas de leituras que devora. No máximo incorpora o papel de narrador observador e onisciente. Afinal, não há posição mais cômoda. Passear pelas angústias de mocinhos e bandidos, controlando cada passo, cada decisão, cada vitória, cada derrota, permite-lhe esquecer cada passo, cada decisão, cada vitória, cada derrota que o transformaram neste objeto insuportável de medo e desejo.

Apenas quando uma palavra-punhal atinge-lhe o vazio do peito esquerdo é que acorda, momentaneamente, do sonho-torpor que o aprisiona desde a infância. Bom seria não mais despertar. Por mais confusos e estranhos que sejam os sonhos, jamais alcançarão a realidade, enquanto manifestação perversa de todos os delírios. Porque não se acorda da realidade. Porque não dá para respirar aliviado e pensar: ainda bem que tudo não passou de uma realidade. Porquês. Porquês. Porquês.

Um comentário:

Tales disse...

Ôpa!
Desculpe a invasão!
Eu era blogueiro de carteirinha e devido a falta de tempo deixei de lado meu blogger. Hoje postei uma foto e foi o ponta pé inicial, decidi voltar a escrever, postar minhas crônicas, minhas poesias, enfim, externar meus pensamentos e sentimentos...
Você faz arte brincando, gostei!!!
DEI UMA BUSCA EM ALGUNS BLOGS E ME DEPAREI COM ESTE, ESTOU AQUI PRA DIZER QUE VOU PSSAR SEMPRE QUE PUDER! OK?