Infância

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sábado, 29 de janeiro de 2011

Jabuticabas


Olhos de escuridão. Oitos olhos de escuridão. Dois olhos de escuridão em cada cantinho do quarto de Jeosá. Casca negra perscrutadora. De que importa a brancura da polpa? O negrume impossibilita o trespassar da luz. É a noite passeando durante a noite e fazendo-se notar. Clarear. Surgir enquanto brilho intenso na ausência da luz.

Donde vêm aquelas imagens? Por que encaram Jeosá? Não será possível manejar uma espingarda de canos duplos paralelos sem que oito globos de luz e sombra repreendam as atitudes do professor?

Mesmo com as pálpebras ajuntadas. Mesmo submerso em lágrima-lençol. Mesmo tentando visualizar-se cadáver estendido na cama-sangue após a explosão. Mesmo assim. Haverá olhos de escuridão. Oito olhos de escuridão. Dois olhos de escuridão em cada cantinho do quarto de Jeosá.

Fantasma-fantasia agourando aqueles últimos instantes. Mas não há como desistir. Corrigir. Prevenir. Logo a treva submeterá a treva. A erva entorpecerá a erva. Fumaça e fogo. E Jeosá não mais existirá.

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