Resumo referente ao artigo Os elementos
auto-representativos na novela Ulisses entre o amor e a morte, de O. G. Rego de
Carvalho, que faz parte do livro Geografias Literárias: confrontos: o local e o
nacional, organizado por Francisco Venceslau dos Santos, com a colaboração de Raimunda
Celestina Mendes da Silva.
O conceito de narração para uma obra
fictícia extrapola a simples exposição, afinal envolve momentos
interdependentes que são o começo, o meio e o fim, organizados pelo narrador,
primeiro protagonista da comunicação literária. Na novela Ulisses entre o amor
e a morte, de O. G. Rego de Carvalho, o discurso, em primeira pessoa com apoio
na terceira do singular, é assumido pelo narrador de forma explícita. O ponto
de vista é de um “eu” narrador homoautodiegético de nível intradiegético de
segundo grau, misturando sensações presentes com um passado resgatado através
de lembranças bem vívidas. Ulisses, o protagonista, é herói e narrador ao mesmo
tempo, enquanto as cidades de Oeiras e Teresina funcionam como ponto de
identificação tanto do espaço discursivo quanto do tema narrativo. A primeira
parte da narrativa (infância) revela, através do discurso, o cotidiano do
protagonista em Oeiras, enquanto a segunda parte (adolescência), apresenta
acontecimentos não-habituais de uma vida nova em Teresina. O que se constata,
independente do espaço geográfico, é que a descrição dos acontecimentos é uma
projeção exterior do estado psicológico do narrador protagonista. Vale
ressaltar que O. G. Rego de Carvalho utiliza-se de um narrador puro, consciente
de que entre o mundo da realidade histórica e do imaginário há apenas
analogias. Considerando o campo discursivo, destaca-se em Ulisses entre o amor
e a morte, a linguagem, em padrão culto, e a estrutura bem curta dos capítulos.
Pode-se afirmar que o sujeito do discurso produziu um texto que permite a mímese
da representação, ao ativar os dois níveis do princípio mimético: recepção e
produção. Ocorre, por exemplo, uma relação de verossimilhança com a realidade
exterior do texto, quando Oeiras e Teresina operam como unidades pensáveis em
uma realidade referencial, quando também o narrador constrói plasticamente uma
cena através da representação verbal. O habitat natural do narrador
assemelha-se à realidade exterior do texto, o que permite que o receptor
identifique o modelo que está sendo utilizado. Se a realidade numa obra
literária é a vida que o autor consegue captar e colocar à disposição do leitor,
O. G. Rego de Carvalho assim a realiza por intermédio do sentimento de seus
personagens, à medida que recria a geografia oeirense e teresinense,
utilizando-se de sua real experiência de vida. Na novela ogerreguiana protagonista
e leitor completam-se, o primeiro observando a realidade concreta, o segundo
recebendo percepções dessa mesma realidade. Assim, em Ulisses entre o amor e a
morte, o autor, ao privilegiar aspectos sociais e individuais, conduz,
inevitavelmente, o leitor a uma reflexão a respeito dos assuntos abordados.
VIANA, Márcia Edilene Mauriz. Os elementos
auto-representativos na novela Ulisses entre o amor e a morte, de O. G. Rego de
Carvalho. In: SANTOS, Francisco Venceslau dos (Org.). Geografias Literárias: confrontos: o local e o nacional. Rio de
Janeiro: Editora Caetés, 2003. p. 33-55.
Texto apresentado à disciplina Metodologia da Pesquisa em Literatura, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Raimunda Celestina Mendes da Silva, Mestrado Acadêmico em Letras, UESPI.
Texto apresentado à disciplina Metodologia da Pesquisa em Literatura, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Raimunda Celestina Mendes da Silva, Mestrado Acadêmico em Letras, UESPI.
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