Infância

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sábado, 26 de janeiro de 2013

O Assassinador (DÉCIMA PARTE)


Crispim deitou-se ao lado da irmã. Inspirou, enojado, o cheiro abafado da luxúria que exalava do colchão e do lençol. Todos os seus sentidos rejeitavam a presença de Miguel que insistia em não desaparecer.

Conceição ajeitou o corpo junto à parede. Ficou encarando algumas teias de aranha que brilhavam entre as vigas do telhado. Há um mês os irmãos dormiam naquela cama. Não conversavam durante o dia. Miguel partiu levando consigo a felicidade da esposa.

A respiração ofegante resultava em um frenético movimento dos peitos de Conceição. E durante as noites, Crispim passava horas acompanhando o subir e descer daqueles montes de carne. Até adormecer. E sonhar.

E nos sonhos Conceição era a própria mãe de Crispim. E Crispim era o homem, substituto do pai, que fora capaz de devolver a ela o prazer de viver.

(CONTINUA...)

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