Infância

terça-feira, 22 de janeiro de 2013
O Assassinador (SEXTA PARTE)
Os três primeiros meses acomodaram-se na boa santa paz de meu deus. Conceição engordava saudavelmente. Era, ao mesmo tempo, esposa, mãe e irmã. Uma mulher realizada. Feliz. Cuidava muito bem daqueles dois homens que se entregavam cegos às suas comidas e aos seus carinhos.
Miguel, orgulhoso de Crispim, vivia comentando a disposição do menino. Não era preguiçoso como ele mesmo fora naquela idade. Gostava mesmo de trabalhar. Manejava a enxada e a foice como ninguém. Não vacilava, quando armado de uma borduna, caceteava a testa de um bode. Ou mesmo quando sangrava o pescoço de uma galinha.
Crispim, por sua vez, não suportava ver a irmã ao lado de Miguel. No colo de Miguel. Na cama de Miguel. Cada toque. Cada beijo. Cada gemido rasgando a noite era uma facada em seu coração. Quem era afinal aquele homem que recebia de Conceição o que ele próprio jamais pudera receber? Miguel gozava na carne macia, enquanto o rapaz despejava no mato - envergonhado! - o desejo que sentia pela irmã. Revolta.
(CONTINUA...)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário