Infância

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Assassinador (SÉTIMA PARTE)


Maria Celeste caminhava com dificuldade. Em maio, as águas do Poty já não incomodavam as margens. O obstáculo era um rastro escorregadio de lama e de sujeira. E a escuridão. E a certeza de que ninguém apareceria para salvar a empresária. Impossível para o motorista que cruza a ponte Wall Ferraz naquele instante farejar que a alguns metros dali há uma mulhere prestes a ser assassinada. Estuprada. Esquartejada.

Mesmo sendo bem mais velha, Celeste preenchia os requisitos necessários para o sacrifício. Era uma MARIA VIRGEM. Bicho raro naquela idade.  Tanto que as últimas vítimas contavam quinze anos quando foram atacadas. A mais velha, até então, tinha vinte e trê anos. Era uma freirinha recém-chegada em Teresina. Estavam certas as prostitutas mais antigas da Paissandu quando alardeavam: Homem vai pagar pra quê? Tem mais mulher dando de graça do que político no inferno!

Triste sina a de Maria Celeste. Fugiu dos homens como o diabo foge da cruz por temer uma paixão que a afastasse da mãe e agora, justamente por isso, estava prestes a deixar dona Joana sozinha. Pensará mamãe que depois de tantos anos resolvi abandoná-la? A janta na mesa. Esfriando. E a filha que não chega. Estranharia o portão aberto? Desolação.

(CONTINUA...)

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